DETRAN-PE avalia impactos do aumento na frota de motos em relação a automóveis

De forma inédita, o número de motos registradas em Pernambuco ultrapassou a quantidade de automóveis. Segundo levantamento do Detran-PE, a frota estadual chegou, até julho de 2025, a 1.562.097 veículos de duas rodas, contra 1.538.192 automóveis.

Nos últimos cinco anos, o estado registrou um crescimento médio anual de 56 mil motos, contra 14 mil carros. Entre janeiro e julho deste ano, foram emplacadas 70,8 mil novas motocicletas, média de 10,1 mil por mês, tendência que deve se manter até o fim de 2025.

Para o gerente da Escola Pública de Trânsito do Detran-PE, Aurino Francisco, a alta das motos é explicada por questões sociais.

“O motociclista de aplicativo é uma resultante da falta de emprego. Muitas pessoas recorrem a esse tipo de atividade para resolver questões financeiras. É preciso repactuar socialmente essas questões e pensar em normas de circulação mais claras”, afirmou.

Fiscalização no interior

Aurino destacou ainda os desafios fora da capital:

“O interior é sempre mais difícil, porque requer policiamento e fiscalização mais efetiva. Mas o grande modificador desse cenário é a educação de trânsito. Municípios com trânsito municipalizado precisam oferecer cursos obrigatórios para mototaxistas e motofretistas, previstos em lei.”, pontuou.

O aumento das motos preocupa também pela maior exposição a sinistros. O Detran-PE aposta em ações educativas e de fiscalização.

“Temos realizado blitzes chamadas Motociclista Consciente, em várias regiões do estado, para orientar e fiscalizar. Educação de trânsito não gera resultado imediato, mas é um processo contínuo que precisa envolver todos os atores do sistema viário”, disse Aurino.

No Grande Recife, os carros ainda são maioria — 797,3 mil contra 461,3 mil motos. Mas em cidades do interior, o cenário já se inverteu. Em Petrolina, são 84,1 mil motos contra 74,2 mil automóveis. Em Caruaru, 88,1 mil motos para 85,2 mil carros. Em Vitória de Santo Antão, a diferença é ainda maior: 32,6 mil contra 23,1 mil.